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Ciro Ferreira

Com fé, dedicação e criatividade se consegue em Tacuarembó, um Hospital de Primeiro Mundo

Keynote de Ciro Ferreira, Diretor do Hospital de Tacuarembó, no XVI Encontro Internacional GeneXus

Não sempre estão dadas as condições para que a qualidade dos serviços seja excelente. A falta de recursos, uma estrutura pesada e a falta de um compromisso real da equipe pode chegar a ser vital. Contra tudo isto se pode lutar. O caso do Hospital de Tacuarembó o demonstra.

 

Tacuarembó é o estado maior do país e, segundo Ciro FerreiraDiretor do Hospital de Tacuarembó-, “com condições de necessidades básicas insatisfeitas muito grandes”. Na conferência ministrada no XVI Encontro Internacional GeneXus, Ferreira explicou quenossa mudança começou há 15 anos, com a Agência de Cooperação Internacional GTZ”. Com o apoio da agência, foi melhorado o funcionamento em geral da Instituição. “Há 8 anos fomos o primeiro Hospital amigo da Infância, e há 7 fomos declarados a primeira Comunidade Saudável do Uruguai”.

 

Em 2000 foi criada a Unidade de Atenção ao Usuário, que permitiu que os familiares dos pacientes que se atendem no Hospital, não dormissem nos corredores. Sobretudo, tendo em conta que 70% dos pacientes são de fora do estado e de um nível socioeconômico médio-baixo e baixo.

 

Como parte do processo, há 5 anos foi criado o Centro Regional de Neurocirurgia de Tacuarembó (Cerenet) que envolve uma mudança no fluxo de pacientes. Anteriormente todos os pacientes que necessitavam uma neurocirurgia eram transferidos para Montevidéu, o que implicava uma média de 8 horas de viagem. Hoje essa média –ao serem operados em Tacuarembó- apenas chega a 2. A economia para o Ministério de Saúde Pública supera os 500 mil dólares e se conseguiu reduzir em um 82% a mortalidade pelo tempo perdido nas transferências e a possibilidade de lesões secundárias.

 

Nestes 5 anos foram realizadas 1.052 operações neurológicas em pacientes com tumores cerebrais, com lesões de coluna ou recém-nascidos com mal-formações. Isto reduziu o custo de aluguel de uma UTI, que passou de uma média de 800 dólares em Montevidéu a 332 em Tacuarembó. Com isto se conseguiu uma economia de mais de 1 milhão de dólares pela não contratação de camas extras em UTI privados.

 

Segundo os próprios técnicos do Hospital, uma organização eficiente e uma dedicação exclusiva por parte dos neurocirurgiões são os elementos chaves para que se converta em hospital com uma média de internação mais baixa do país.

 

Em 2004 foi criado o Banco de Leite que tem a certificação ISO 9001, o que permitiu que desde esse momento não morresse nenhum recém-nascido de forma prematura por falta de alimentação. Hoje está sendo construído um Centro de Reabilitação e há pouco se formaram os primeiros Técnicos em Gestão de Qualidade.

 

Qual é o segredo disto?

 

Segundo Ciro Ferreira tudo parte de “o inviável que é um organograma vertical em nosso caso. Nós o diminuímos e foi criada uma Unidade de Controle. Hoje os funcionários sentem que pertencem ao Hospital e se sentem orgulhosos do Cerenet”. No entanto, não os médicos: uma pesquisa realizada no hospitalque forma parte de um aumento no nível de participação dos pacientes-, revelou que 90% dos entrevistados considera que a atenção é boa ou muito boa.

 

Ferreira explicou que para vencer as condições iniciais que impediam um melhor serviço o verdadeiramente importante é a “complementação em vez da competição”. “Isto é justamente o desenvolvimento do conhecimento”.