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História de vida de Breogán Gonda e GeneXus

Recentemente, em um dos principais semanários do Uruguai, foi publicada a entrevista a seguir que é prova da paixão do co-criador de GeneXus pela engenharia, bem como do significado de sua trajetória para a inovação no Uruguai.
Sua paixão pela engenharia, afirma, pode ser rastejada até sua primeira infância, embora ainda não soubesse como chamá-la. Foi um dos primeiros em cursar a carreira “computador universitário”, pioneira em seu tipo no Uruguai. Breogán Gonda – co-criador de GeneXus, uma ferramenta de sucesso para o desenvolvimento de software, vendida a aproximadamente 60 países– é um raro produto de seu tempo e lugar históricos, assim como da certeza de que é bom ser fiel às boas ideias mesmo quando elas pareçam ir na contramão da tendência dominante.



Gonda no prédio @3 de Zonamérica, onde se encontra uma das sedes da ARTECH / Foto Lucía Seco


—DE QUE ORIGEM é sua família?

—Galega. Me chamo Breogán pelo patriarca galego. Como a de tantos outros, a história da minha família esteve marcada pela guerra civil espanhola. Meus pais eram republicanos; emigraram ao Uruguai e aqui ficaram.

—Como surge sua vocação pela informática?

—Aos 5 anos de idade já tinha, mesmo sem saber ainda o que era isso, uma forte paixão pela engenharia. Pouco tempo depois de começar meus estudos comecei também com a informática, mas quando estava no terceiro ano da faculdade me dei conta que não queria ser engenheiro industrial porque não estava no país adequado.

Pensei que provavelmente ia passar a vida toda concertando maquinaria. Em 1967, o Uruguai foi um dos primeiros países em lançar carreiras de informática. Eu já contava com sete anos de experiência informal na área, então tive a oportunidade de acrescentar o componente acadêmico universitário. Em 1975, como tantos outros, deixei o país e escolhi o Brasil. Minha experiência ali foi muito importante. Pude trabalhar com gigantescas empresas como as que poderia ter encontrado nos Estados Unidos ou na Alemanha, mas estava aqui do lado.

—Como chegou a Universidade da República a ser pioneira na implementação da carreira de informática na América Latina?

—Inicialmente, foi uma carreira que permitia o acesso dos estudantes das diferentes faculdades, inspirando-se na ideia de que a informática é transversal e necessária em todas as atividades. O reitor Óscar Maggiolo apoiou muito especialmente a iniciativa. O compromisso assumido foi grande e implicou a compra de um computador poderoso e muito caro, além do assessoramento do destacado científico argentino Manuel Sadosky.

—Poderíamos dizer que houve vários momentos chave em que determinadas conjunturas confluíram com decisões próprias que o levaram até onde está hoje: a guerra civil espanhola que o situa no Uruguai, a visão da UDELAR que inaugura cedo a carreira de informática, seu próprio exílio no Brasil, gigantesco campo de provas… Que caminho o levou a GeneXus?

—Até então, eu trabalhava em consultoria para grandes sistemas com bases de dados. Em 1984, um gigante empresarial brasileiro do setor têxtil –com mais de 20 fábricas em todo o país– procurou meus serviços. Até esse momento, sempre meu par nas empresas tinha sido algum colega, mas neste caso era o diretor executivo. Disse-me que queria mudar totalmente a informática porque achava paradoxal que os funcionários do meio escalão sempre estivessem bem dotados de informações para tomar decisões em geral bastante irrelevantes, enquanto os que tomavam as grandes decisões, aquelas que podiam fazer da empresa um sucesso ou um fracasso, jamais tivessem informações verdadeiras para assisti-los. “Quero que todos os sistemas fiquem registrados em una única base de dados corporativa. Dessa forma, todos os dados estarão ali, serão consistentes e poderemos explorá-los e obter toda a informação que precisarmos”, disse. Era o grande sonho e achava incrível que eu tivesse sido escolhido para realizá-lo. Começamos a trabalhar com dois engenheiros uruguaios, um deles Nicolás Jodal, meu sócio na Artech. Uma semana depois, descobrimos que o problema era maior que aqueles nos que tínhamos experiência, que a informática corporativa era algo sobre o qual se escrevia muito mas ninguém fazia nada.

Quem, em uma empresa desse tamanho, conhece realmente os dados com o nível necessário de objetividade e detalhe? A resposta é: ninguém. Depois descobrimos que o problema não era o tamanho da empresa: acontece em quase todas elas. Se não existir uma matéria-prima boa, objetiva e com o suficiente detalhe, o resultado será péssimo. Quanto maior o problema, piores serão as distorções. Soubemos então que precisaríamos idear uma maneira de conseguir conhecimento bom ou iríamos fracassar.

—A constatação da necessidade de contar com “conhecimento bom” era, no fim das contas, a razão do diretor executivo para iniciar todo o projeto.

—Justamente. O problema era como obter esse “conhecimento bom”. Era necessária uma mudança de paradigma. Quero dizer, é como na pintura… olhando as pinturas rupestres aparecem grandes distorções, por exemplo, os dois olhos para o mesmo lado. O problema é que o indivíduo conhece um objeto e tenta desenhá-lo segundo esse conhecimento. Mas alguém, algum dia, inventou a perspectiva. Disse “vou desenhar exatamente o que vejo”. Nós dissemos: onde está o conhecimento real? Nas visões que cada um dos usuários –desde o presidente até o auxiliar que entrou ontem – têm da empresa. Todas são visões boas e válidas. Hoje GeneXus é alimentado pelas visões, captura todo o conhecimento que existe nelas, o sistematiza em uma base e, feito isso, gera e mantém automaticamente a base de dados e os programas que podem ser necessários.

—Como descreveria GeneXus a um principiante?

—É um programa que faz programas automaticamente. Tradicionalmente os sistemas foram construídos com programação manual, gerando altos custos para as organizações, fundamentalmente em dinheiro, tempo e erros. Mesmo assim, o paradigma de “desenvolvimento baseado em programação manual” é, ainda hoje, o mais utilizado no mundo. Com GeneXus pretendemos criar um novo paradigma: “descrever em lugar de programar”. O desenvolvedor, em lugar de se dedicar ao nível baixo (programação detalhada de cada função necessária), focaliza-se em conhecer o “negócio”, tomando o essencial da realidade de seus clientes para descrevê-la de forma simples. O resto é gerado automaticamente.

—Mas naquele momento GeneXus ainda não existia…

—Não existia, é verdade, mas as boas ideias servem mesmo quando a implementação que tenhamos delas às vezes seja muito primitiva.

Começamos com pequenas ferramentas para nos ajudar a ter sucesso no trabalho que nos tinha sido encomendado.

—Como essas pequenas ferramentas se transformaram em um caminho sólido, desses que definem uma carreira?

—Achamos que os pequenos descobrimentos que tínhamos feito eram importantes. Então pensamos que não podíamos deixar tudo sem mais nem menos. Mas não nos sentíamos empresários em absoluto! Éramos consultores. Ganhar dinheiro é dessas coisas para as que a gente não foi feito. Mas pensamos: vamos avançar nisto para tentar licenciar esta tecnologia para empresas que depois possam utilizá-la. Assim, em 1985 começamos nossa atividade profissional de pesquisa. Para pesquisar com tranquilidade, o lugar adequado era Montevidéu. Voltamos, e um ano depois já tínhamos protótipos importantes. Fizemos a nossa primeira viagem aos Estados Unidos à procura de contatos. Nossa ingenuidade era total. Como poderia um país sem tradição de grande produtor de tecnologia inventar algo que eles nem sequer tivessem imaginado? Para eles não era possível.

Entre 1986 e 1988 fizemos muitas incursões e todas fracassaram. Ainda bem. Em 1988, concluimos: “Temos duas opções, fazer um paper com isto tudo e publicá-lo, ou criar uma empresa e vender o produto”.

—GeneXus procurou mudar a forma de pensar as soluções… É um objetivo ambicioso, não é?

—Mudar o paradigma é um pouco mudar o mundo. É muito ambicioso, mas já demonstramos que funciona. Hoje, há uma comunidade de mais de 60 mil desenvolvedores no mundo que constroem toda sua vida profissional em torno do GeneXus. Agora bem, que porcentagem representa no desenvolvimento da informática no mundo? Muito pequena. Os paradigmas não mudam facilmente. Thomas Kuhn afirmou que às vezes existem evidências de que o velho paradigma não presta e, no entanto, as pessoas que apostam nele não o percebem. Nem sequer é questão de má fé: não o percebem e pronto. Mas acredito que em poucos anos isso vai mudar, porque as necessidades para fazer sistemas vêm crescendo de forma exponencial. Até 1994, os sistemas eram totalmente estruturados e previsíveis; os usuários não apenas ficavam fora das decisões, mas eram conhecidos e treináveis. Nós, que fazíamos os sistemas, tomávamos as decisões. Com a Internet, os usuários representam todo o universo, não são conhecidos a priori, portanto, não são treináveis. Então, para satisfazer esses usuários, os sistemas devem ser mais simples desde o ponto de vista do usuário, devem ser intuitivos e fáceis de usar. Mas quanto mais fáceis para o usuário, mais complexos para o desenvolvedor. E mais caros. As linguagens de programação estão estagnadas em sua produtividade há quase dez anos. Então temos, por um lado, uma curva de necessidades crescente; e, pelo outro, uma linha reta, que representa as possibilidades.

—E como é que ainda não colapsou?

—Porque há pouco mais de dez anos, o mundo desenvolvido decidiu: “vamos mudar a escala”. Em lugar de medir o custo em horas–homem decidiu medi-lo em dinheiro. E saiu na procura de pessoas que trabalhassem pela décima parte do salário que tinham que pagar nos países desenvolvidos. No entanto, mesmo assim, aquela curva exponencial continua crescendo. Então, em algum momento o paradigma vai mudar porque carece de sustentação. Contudo, mesmo que GeneXus tenha obtido um aumento da produtividade de 2 mil por cento, isto não significa que seja adotado pelas grandes corporações no futuro próximo. Geralmente nossos colegas não apreciam nossa ferramenta. Quem as aprecia são as pessoas que têm os problemas para resolver. Há alguns anos, Bill Gates disse que a programação não tinha futuro e que era preciso pensar em formas declarativas. Mas falou isso quando estava se aposentando da Microsoft. Se tivesse pensado assim dez anos antes, a Microsoft teria se transformado em um tremendo concorrente, ou em um grande parceiro para dar credibilidade a essa ideia.

Veja material multimídia em www.brecha.com.uy

* A presente entrevista, publicada na separata promovida e financiada pela ANII (Agencia Nacional de Investigación e Innovación) no jornal Brecha, em 26 de março de 2010, foi realizada por María José Santacreu.
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