Você publicou toda a KB em GXOpen?
Fizemos alguns pequenos recortes, por exemplo o relatório de fatura
que imprime de acordo com as especificações de determinado cliente, isso não foi
publicado porque tinha o nome do cliente, etc. O que era muito personalizado
ficou por fora, mas todos os módulos e características do sistema estão dentro,
todas.
Qual é a quantidade de objetos que contém?
Entre 800 e 1000 objetos e entre 250 e 300
tabelas. É uma base de conhecimento que me deu muito trabalho fazer e como tudo
é melhorável. Comecei a desenvolvê-la com GeneXus em 1996, baseando-me em
conhecimentos prévios sobre o negócio de farmácias.
Que características técnicas tem LibreFarm?
Está desenvolvida com uma versão anterior de
GeneXus (GeneXus 6.1 patch 5) que é uma decisão pensada. Sempre quisemos
trabalhar na plataforma Linux porque oferece uma maior segurança e
versatilidade. Fiz uma série de opções técnicas: trabalhar com GeneXus,
trabalhar com o gerador Xbase de GeneXus que é um gerador considerado obsoleto
na comunidade GeneXus, injustamente considerado obsoleto, porque existem casos
nos quais se aplica corretamente.
O caso que
encontrei é que, se utilizo um compilador Xbase sob Linus tenho um entorno de
produção 100% GNU Linux, e isso é o que vendo ao cliente: a instalação de todos
esses terminais, esse servidor, também posso interconectar sucursais com
tecnologia Linux e a aplicação funciona nesse entorno. E este é um serviço que
se cobra, que dá muitíssimo trabalho quando se faz e por isso se cobra. Quando a
gente vai instalar o programa, também oferece serviços associados: de rede, de
consultoria, de explicação de como funcionam as coisas, de adaptação do cliente
ao sistema e do sistema ao cliente. Depois o cliente nos chama e tem que ter um
serviço que justifique economicamente -> empresa que o cliente peça
assessoramente, isso forma parte do negócio da empresa e queremos explorar mais
toda essa linha de trabalho. O que penso é que a partir disto ?a publicação da
KB- vão aparecer mais oportunidades de serviço, oportunidades de serviços
diferentes, alguns premium, e também podem surgir mais empresas que ofereçam
mais serviços.
Pode vir alguém que tome a KB e proponha uma evolução
tecnológica para o produto e também para os clientes.
Pode acontecer e me parece bem. A KB tem uma licença sob a qual
está publicada. Todo o software está regido pela lei de copyright, que por si
proibe o uso, a cópia, a modificação, etc. Em geral, os produtos proprietários
põem uma série de restrições em relação ao seu uso: pode-se usar em tantos
computadores, ou inclusive para determinadas coisas, ou de acordo ao país, ou a
quantidade de usuários, etc. Esta KB está publicada sob a Licença de Público
Geral (GPL) que é um documento legal que diz que você pode usá-lo para qualquer
coisa, modificá-lo, copiá-lo.
Pode ser vendido...
Sim,
pode ser vendido. A licença explica que pode-se cobrar pela distribuição, quer
dizer por tê-lo gravado em um CD e distribui-lo. Mas quanto podem pagar-lhe, se
está disponível na Internet? Se você não oferece nenhum valor agregado não
serve. Porque se você faz o downloud pela Internet e você não é especialista vai
precisar de alguém que o instale, o arme... esses são os serviços dos quais eu
lhe falava.
Se alguém melhora o software e o revende ocorre o
seguinte: Quando você melhora um software livre, melhora a sua cópia e se não
volta a consolidar com a KB anterior você abre a base anterior, faz uma divisão
e, se passa o tempo e você continua modificando o software sem consolidar com a
KB anterior você vai ter dois produtos diferentes. Isto é um problema, porque se
nós conseguirmos armar uma comunidade em torno a LibreFarm e conseguirmos que
esta comunidade se mantenha relativamente unida, alguém que tenha saído da
comunidade vai ter que manter-se a par com o que a comunidade faça e, manter
dois projetos de software por separado é muito complexo, pode ser feito, mas é
muito complexo.
De acordo com a licença GPL se integrou outro software ao
produto licenciado como GPL, o código integrado passa a ser software livre. É
correto?
Sim. A
licença diz que se você só grava em um CD um programa livre e outro
proprietário, nesse CD você pode pôr as restrições ao programa proprietário e
deixar claro que o progrma livre pode ser copiado. Se além de fazer isso, você
une um programa proprietário e outro livre, o no caso do GeneXus, você consolida
duas KBs, a união é tão forte que necessariamente a licença tem que abranger o
resto. Não é que se tente tomar um copyright que não lhe pertence ou licenciar
as coisas de outro como este outro não quer, senão que simplesmente se o outro
não quer que isso aconteça, então a união não tem que ser tão forte. Essa é uma
opção que tem a pessoa que escolhe um software livre para melhorar um software
proprietário.
Se eu quero que o meu software
proprietário trabalhe com um software livre, por exemplo compartilhando uma base
de dados, não uma base de conhecimento, isso não vai afetar a licença
proprietária. Mas se somo os programas e os converto em um, compartilhando
estruturas de dados em nível de execução com estruturas internas dos programas,
isso necessariamente extende a licença GPL ao outro programa ou faz que o outro
programa fique sob uma licença compatível com a GPL, que não restrinja as
liberdades que oferece a GPL.
Por que você escolheu GXOpen para publicar a KB?
Porque é um site que Nicolás Jodal
(vice-presidente de ARTech) fundou com muita visão e lamentavelmente até agora
não tinha podido colaborar em nenhum projeto, e este é o nosso apoio ao GXOpen
(http://www.gxopen.com) em reconhecimento de
que é uma ótima idéia para a comunidade GeneXus.
Até agora os projetos que estão em GXOpen não puseram uma licença
concreta sob a qual se possa usar esse software. Os donos das KBs fariam um
grande favor licenciando sob a GPL ou BSD esse software. Além disso, GXOpen
conseguiu uma exposição tal nos usuários de GeneXus que sabemos que é o melhor
lugar onde podemos publicar essa KB. GXOpen dá visibilidade. Por outro lado, o
projeto de LibreFarm não é uma coisa chique para um programador, é algo que vai
se usar para trabalhar. Esta é um oportunidade para trabalhar em um projeto
grande, livre, dentro da comunidade GeneXus.
O
software livre por sua vez nos tem dado muitas coisas ?Linux, servidor Web
Apache, etc.- esta é uma forma de contribuir com tudo o que nos tem dado o
software livre, porque pudemos configurar negócios instalando software de
outros, então a partir de agora também vamos poder fazê-lo com nosso próprio
software livre. Além disso, é uma forma de levar a conhecer GeneXus na
comunidade de software livre, já que se precisa GeneXus para trabalhar com
LibreFarm.
Publicado em
GXOpen : Projeto GestiónComercialFarmacia
http://www.gxopen.com/main/hproject.aspx?257